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quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Unicap lança curso tecnológico em Jogos Digitais

Por Tiago Cisneiros - produzido para o Boletim Unicap



Uma indústria do entretenimento em plena evolução no Brasil, com faturamento anual maior do que R$ 300 milhões. Nos Estados Unidos, o lucro alcança patamares ainda mais elevados, girando em torno de US$ 10 bilhões no mesmo período. Não estamos falando de música ou cinema, e, sim, de um mercado em que muita gente, ainda, não presta atenção: os games. Quem busca entrar nesse campo conta, agora, com o curso superior tecnológico de Jogos Digitais, que passa a ser oferecido pela Católica no Vestibular 2010.

Com duração de dois anos e meio, a graduação concentra-se no desenvolvimento de jogos para computadores e celulares. Os 40 estudantes aprovados no Processo Seletivo 2010 já serão recebidos com uma estrutura montada, especialmente, para o curso. “A Católica ganhará dois laboratórios multimídia e um de arte, com 20 computadores cada. Neles, os alunos terão aulas teóricas e práticas com softwares, e entrarão em contato com a parte de design, abordando desenho instrumental, cenários, interface, efeitos especiais...”, explica o coordenador do curso de Jogos Digitais, professor Breno Carvalho.

Os dois anos e meio do curso serão divididos em cinco módulos, com duração de um semestre cada. No primeiro, o objetivo é fornecer uma visão geral sobre o ambiente digital aos estudantes, além de prepará-los em algumas disciplinas de apoio. “Vamos trabalhar a comunicação na internet, a construção de um hotsite, as linguagens e formatos virtuais. Também ofereceremos as disciplinas de Análise e Produção de Imagens Digitais, abordando desde a fotografia até a composição no computador, Português e Inglês Instrumentais, Expressões Visuais e Teoria da Comunicação e Percepção”, enumera Breno Carvalho.

A segunda parte do curso pretende inserir o aluno no campo da animação, envolvendo os conceitos, a evolução e as atuais possibilidades. “A ideia é ensinar desde o frame a framme (estilo stopmotion) até a utilização no ambiente flash, através do recurso manual e da programação. Esses conhecimentos são necessários para o desenvolvimento do game, seja para computador ou para celular”, afirma o coordenador.

No terceiro módulo, o foco é a criação para computador, especificamente, no formato advergame, isto é, jogo publicitário. Os alunos aprenderão sobre comunicação digital, sua construção ontem e hoje (sem e com internet), e como pode ser desenvolvida a partir de dispositivos como Bluetooth, Wi-Fi (sem fio). “Durante o semestre, serão abordados os gêneros que existem em um game de entretenimento, e as possibilidades de uso na questão da propagação de marca, da imagem corporativa”, esclarece Breno. O módulo, também, contará com a disciplina Edição de Som.

O penúltimo semestre é voltado à criação do advergame para plataforma mobile, ou seja, celulares, palmtops, smartphones e afins. Além da disciplina Edição de Vídeo, os estudantes terão aulas sobre design, desenvolvimento de personagens, animação específica para o tipo de aplicativo e modelagem em 3D.

Depois de conhecerem as particularidades das plataformas, os estudantes escolherão uma delas (computador ou mobile) para desenvolver o seu próprio advergame. O trabalho é visto pelo coordenador Breno Carvalho como um projeto experimental, comum nos cursos de Comunicação Social. “Eles deverão criar o jogo, elaborar um plano de comunicação e realizar a defesa, isto é, explicar por que tal game servirá como elemento propulsor de determinada marca.” O quinto semestre será completado por disciplinas dedicadas à parte de ética e legislação, referentes, entre outros pontos, às questões de direitos autorais e patentes. “No final do curso, o aluno terá um portfolio, com, pelo menos, um produto para cada módulo”, ressalta o professor.

Na abordagem do processo de midiatização dos games – jogos que estão valorizando o cinema, a música, a formação de identidades de marca -, o curso, também, tratará de empreendedorismo. De acordo com Breno Carvalho, esse campo precisa ser visto pelos estudantes, para que aprendam a ganhar dinheiro com o game, tanto como criador e proprietário de uma empresa, quanto como participante ou funcionário. “É uma indústria forte, uma das poucas que não sofreram impacto na crise mundial”, comemora o coordenador. Só para lembrar, como já colocamos no início da reportagem: nos Estados Unidos, a criação de jogos arrecadou cerca de US$ 10 bilhões em 2008, superando os faturamentos somados das indústrias de música e cinema no país.

Embora o curso de Jogos Digitais esteja voltado às plataformas computador e mobile, a intenção é fomentar outros aspectos ligados ao game, inclusive o entretenimento em console (o tradicional videogame). Para ampliar a abordagem, serão organizadas palestras, minicursos e oficinas, ao vivo e online, ministradas por professores de Pernambuco e de outros estados. “Queremos formar um profissional multimídia, que entenda de comunicação na era digital e saiba utilizar bem o jogo digital, que é uma ferramenta rica, de interatividade, mas, ainda, considerado como brinquedo por grande parte da sociedade. Depois de concluir, ele poderá enveredar pelas áreas de comunicação ou computação”, pontuou Breno Carvalho.

Se o objetivo é oferecer uma formação múltipla, nada melhor do que buscar especialistas das mais diversas áreas. O corpo docente do curso contará com professores dos centros de Ciências Sociais, Teologia e Ciências Humanas e Ciências Jurídicas da Católica, vinculados aos cursos de Jornalismo, Publicidade e Propaganda, Relações Públicas, Direito, Letras, Psicologia e Administração. Profissionais do Centro de Ciências e Tecnologia serão responsáveis pela disciplina de inteligência artificial dirigida a games. O ensino de linguagem para animação e desenvolvimento caberá a profissionais do Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife (Cesar) e de empresas pernambucanas de criação de jogos.

Origem do curso e perspectivas de mercado

O coordenador do curso, Breno Carvalho, travou os primeiros contatos com pessoas que trabalham na área de games em 2001, quando cursava a especialização em Design da Informação, na Universidade Federal de Pernambuco. O interesse pelo assunto cresceu e, em 2007, o professor de Comunicação Social da Católica elaborou a proposta do curso de Jogos Digitais, com base em pesquisas sobre interface e uso multimídia da internet e dos games na construção e propagação das marcas. Para quem estranha a ideia, Breno manda o recado: “Em 1993, as pessoas que falavam sobre internet eram mal vistas, como se fossem loucos por pensar naquilo. Hoje, estão apresentando palestras, desenvolvendo serviços, ganhando muito dinheiro. Agora, é a vez dos jogos”.

Em 2001, quando começou a se interessar pelo campo de Jogos Digitais, Breno Carvalho deparou-se com a falta de espaço e profissionais qualificados em Pernambuco. Hoje, a história é diferente, aqui e no exterior. “O mercado está ávido por pessoas preparadas, porque os outros países passaram a enxergar o Brasil como um lugar de muito potencial de informação e tecnologia para a construção de games. Com isso, cresceu a demanda por empresas da área, estimulando a criação de cursos e instituições”, explica.

As poucas empresas especializadas em jogos na época ficaram sobrecarregadas, sem condições de produzir, já que cada game representa de seis meses a dois anos de trabalho intenso. Agora, segundo Breno, a indústria procura profissionais com boa formação, o que inclui conhecimentos da língua inglesa. “Existem muitos casos de pessoas que começaram no Recife e estão nos Estados Unidos, na Argentina e em outros países. Ao contrário dos estrangeiros, nós tivemos que nos preparar para todas as etapas de construção, desde a animação e o engineer até a própria comercialização”, destaca o professor. Essa capacidade estaria levando os brasileiros a trabalhar no cinema internacional, em filmes como Hulk, Labirintos do Fauno, Harry Potter, Toy Story, Shrek e Matrix 2. As produtoras de vídeo, agências de comunicação e publicidade e a internet, também, são nichos para o profissional formado em criação de games. “É preciso muita pesquisa, análise de mercado e testes para produzir um jogo. Todos esses conhecimentos poderão ser usados em outros campos de trabalho.”



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